domingo, 4 de julho de 2010

Ab aeterno (um verme passeia na lua cheia) - Lucas Jammal

Quando ele iria sair daquela escuridão profunda? Davi estava quase louco, pela loucura que estava acontecendo com si. o homem que o carregava pelas costas, continuou correndo. Davi só ouvia os passos rápidos, do homem que bufava sem parar. De repente Davi começou a ver cores que nunca conseguiu antes, se quer, imaginar. Claro que seus olhos não podiam ver nada, pois estavam cobertos por aquela gosma sólida, mas também não poderíamos chamar aquilo de imaginação, pois era possível imaginar tudo que não se existisse, tudo, exceto novas cores, sim, poderia se imaginar misturas e tons, mas não exatamente aquelas cores que ele nunca tinha visto ou ao menos imaginado antes. Será que os cegos que nunca viram cor alguma, imaginavam elas, como alguma fonte de harmonia ou ao menos um sentimento, profundo ou não? Será que eles já viram essas cores e nós nunca? Será que cada um de nós vimos um azul de um jeito e o branco de outro? Davi ficara encantado com as cores que chegaram dentro de si e começara a imaginar se algum outro ser já tinha visto elas antes. Pouco ou muito tempo depois de Davi se distrair com as cores, o homen abriu uma porta, onde fez um grande barulho. De repente muita gente começou a falar no mesmo tempo e as cores de Davi se apagaram. Davi conseguiu ouvir poucas das palavras embaralhadas, que sua consciência permitiu que ele escutasse, entre elas, a que mais chamou atenção foi:
- Odeio laranjas... seu... seu cabeça de borracha!
- Os pessimistas passam despercebidos em torno de flores astrais que...
- Aquele coelho me deve três cubos de possibilidade, para colocar em meu...
- Tantas bandas coloridas... e o admirável mundo novo e a revolução número nove...
- o duque, volte aqui! Mas que bagunça!
- ei gente! Aquele ser gigante jogado perto da porta, coberto por gosma cômica me faz lembrar da última vez que eu precisava usar uma máscara para ir...
- ai, eu me lembro... quando Harry virou uma gosma dessas...
De repente todo mundo ficou em silêncio. Depois os donos daquelas vozes começaram a correr para um lado e para o outro, gritando:
- Socorro! Ele é um assassino, ele é um assassino!
Os gritos continuaram, até que ouve um passo maior do que aqueles, que estava se aproximando de Davi.
- Sem pânico! Parem de gritar - Disse uma vóz feminina que parecia familiar para Davi
- Ab aeterno, ele é vil! - Disse um
Davi agora só sentia um calor a se aproximar, um perfume familiar, muito bom, não os de produtos, mas sim da pura pele, pele feminina. Então ele sentiu a gosma se rasgando, com uma pequena faca afiada, que a mocinha tinha, ela abriu aquela gosma, deixando o efeito grudento então a gosma desgrudou de Davi.
- O que te levou até aqui? - perguntou ela
- Um ser - ele respondeu, olhando para o chão, se lembrando das cores que vira, agora já acostumados com a escuridão tão colorida.
- sim, mas o que fizera antes disso? Antes da gosma entrar em você?
- estava no banheiro
- Meu Deus! - exclamou um ser assustado. Davi olhou para ele e viu que era uma criatura pequena, assim como aquela mocinha que ele tinha visto, antes de virar gosma. No lado daquele, havia mais vários, donos daquelas vozes e gritos que ouvira, depois finalmente olhou para a moça:
- Rosa! - Davi exclamou. Era ela, igual, o mesmo cheiro, a mesma vóz e a mesma carne!

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