quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ab aeterno (Gemini) - Lucas Jammal

Quando acordou, Davi percebeu que estava deitado em uma cama, dentro de uma sala preta... ele olhou para o lado, haviam almofadas e no outro tinham flores e um caixão. Voltando-se para si, ele viu que estava cheio de fios e que não conseguia mexer seus pés e braços e logo depois percebeu que apenas a face estava móvel, ele não sentia parte alguma do seu corpo, nem mesmo a face... estava completamente anestesiado, mas aonde ele estava, como, porque? Um homem com um avental branco, com uma máscara de hospital e um outro homem, que estava de terno preto, segurando uma cruz brilhante, veio acompanhando ele, para a sala do paciente, impaciente, enquanto ambos conversavam entre si
- e o que ele disse? - perguntou o homem de branco
- Disse que Apolo estava ocupado, solando good night dos beatles, no piano e depois disso pegou duas musas e se trancou no quarto. Falou alguma coisa que ele tinha feito um acordo ou um pacto...
- aonde eu estou? - Perguntou Davi
- não me lembro direito o que ele falou - continuou o homem a explicar, ignorando a pergunta de Davi - mas ele me disse algo parecido como um pacto de luz que Apolo fez com Dionísio, para os homens deixarem de dormir a noite, para aproveita-la ainda mais...
O homem de branco respirou fundo e falou:
- mas você levou ele?
- o que mais eu poderia inventar, doutor?
- o que vocês estão falando!? - perguntou desesperadamente, Davi
O homem de branco respirou fundo mais uma vez e pegou uma agulha e injetou na testa dormente de Davi
- ah! - Davi gritou com melancolia, aquela agulha atingira a pele completamente anestesiada. Davi não conseguiu sentir nada, nada além da dor melancólica que aquilo causara nele
- Porque? - a alma despedaçada de Davi gritava, sem a esperança de nenhuma resposta.
- Você irá esquecer essa dor, basta acreditar em mim.
A dor não passava. Na verdade aumentava cada vez mais e Davi tinha de agarrar as esperanças de que iria ficar tudo bem, mesmo com aquela dor imensa e melancólica e aquela sala estranha que ele parou do nada, com dois homens com uma conversa doida, sendo que um deles era um doutor, fazendo operações e o outro era um... um homem de terno preto, que parecia que estava em um velório. Davi se sentia em uma mistura de hospital com velório... o que ainda mais tirava a esperança dele. Com muitas duvidas, o jovem rapaz respirou fundo, queria perguntar, mas de tanta agonia, resolveu ficar calado, até porque ele tinha o pressentimento de que nunca iria receber alguma resposta, que lhe causasse mais perguntas ainda.
Outra agulha foi injetada na sua pele
- Quanto tempo isso irá durar? - Perguntou Davi
Não houve resposta alguma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário