terça-feira, 9 de outubro de 2012

Heróis prosaicos - Lucas Jammal

Com uma metralhadora na mão, Deckard, corria mais uma vez dos andróides, 
fugindo com sua esposa e pra ela, disse, olhando para todos os lados: 

- Oh, não, eles estão por toda a parte, 
esses animais anti-sociáveis, 
que falam tanto do amor, 
sem ao menos conseguir senti-lo... 
esses bichos horríveis, estranhos, loucos. 

- mas qual é o nome desse tipo de criatura? 

Sua esposa dizia desesperada. 
E ele respondeu: 

- Poetas

- Ah, meu Deus, que horror!
Acredita que um desses proto-tipo é meu amigo? 

- Então livra-te dele! 
Que este não pode infectar a nave... 
cuidado se ele arruinar com o professor... 
cuidado se ele mexer com o teu interior!

- Ele sempre volta, ele sempre volta, ele sempre volta...
é uma aberração!

- Cuidado, atrás de você! 

O fim de Deckard e sua mulher quase chegou, 
quando o tal poeta, de surpresa, apareceu

- vasto vasto é o mundo,
pequeno é o meu coração,
nele não cabe o tão profundo
que vem da minha canção...

- Oh, essa não, Deckard, ele está recitando de novo!

- pare com isso, terrível monstro,
Não vamos cair na sua armadilha!

O poeta virou uma criatura assustadora
e arrancou do peito o próprio coração. 

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