domingo, 18 de setembro de 2016

Papel em branco - Lucas Jammal

Um papel em branco,
Só mais um papel em branco,
Pra eu escrever mais um poema sofrido...
Do que ser odiado,
Eu prefiro é ser esquecido...

Então eu rasgo o papel,
Com raiva do verso que eu iria escrever,
Não fazia sentido sofrer,
Enquanto eu tinha sua amizade...
Estou com tanta saudade,

Do jeito que a gente se falava antigamente
Compartilhávamos a simplicidade,
Antes deu ficar tão nojento e doente...
Existia respeito, serenidade...
Agora só existe a vergonha,

Alguém que eu podia ficar pelado,
Com o corpo e a alma,
Devido tanta intimidade,
Tanta segurança, respeito,
Tanto amor...

Mas agora, há a vergonha,
Me visto de roupas, muitas roupas,
De cobertas, de muros,
De papéis em branco,
De medo do frio da vergonha...

O que fiz foi pior que comer
cocô, foi pior que morrer
de dor, foi pior que uma flor sem cor
e sem cheiro. Foi pior que a falta
de amor...

O que será que faço agora?
Minha amiga foi embora,
É muito triste viver assim,
Carregando esse peso todo,
Ter que aceitar o fim...

Nessa história eu sou vilão,
Um ser de pobre coração,
Estagnado na ilusão,
O poderoso rei do vão,
Muito longe da razão.

O papel continua em branco,
Assim como nossa pele sem sol...
Cem mil árvores parecem
Terem sido cortadas para ser feito
Esse único papel em branco...

Um papel que mando em branco,
Pro endereço que não sei,
De uma menina sem nome,
Dentro de uma caixa vazia,
Cheia de lembranças...



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