quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Pra quem tem que comer merda - Lucas Jammal

Arte. 
Eu sou artista. 
Muita gente é. 
Sou pois escrevo poesia, 
componho música, 
mas mesmo se eu não fizesse nada disso,
Continuaria fazendo cocô,
Portanto, continuaria sendo um artista...

Mas meu cocô é arte?
Depende...
Pode ser que algum maluco,
Chame meu cocô de arte, sim,
E queira apreciar meu cocô,
Cheirar meu cocô,
Quem sabe, até comer meu cocô...
E eu, ficaria tão feliz,
Se esse maluco, um dia, vendesse meu cocô,
Mas que fique claro,
Que ninguém é obrigado,
A comprar o meu cocô...

Podem dar descarga,
Eu não vou ficar triste,
Se pra você, meu cocô não existe...
Eu vou é sorrir!
Triste é não admitir,
Que cocô é cocô.

E se meu cocô fosse flor,
Será que alguém de coração partido,
Seria obrigado a gostar do amor
E na solidão, se sentir acolhido?

E se o cocô fosse um museu delirante,
Cheio de arte moderna?
Seria eu um cagão brilhante?
Seria, minha merda, eterna?

Mas nesse mar de dinheiro público,
Que tanto nada, esse governo egoista,
Foi o artista que fez o cocô,
Ou foi o cocô que fez o artista?

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