domingo, 5 de março de 2017

Um poema gótico de um poeta gótico - Lucas Jammal

I - Lerda

Lerda,
Transforma o amor em terror,
Pensando em merda,
Deixando-me sentir dor.

Não posso estudar,
Com tanta ansiedade,
Se você se calar,
Vou morrer de saudade.

Nem mesmo a igreja irá me aceitar,
Pois pra nenhum lugar eu serei chamado,
Qualquer convite eu irei recusar
E assim, deixarei qualquer um cansado.

Pois eu fico lerdo em te esperar,
Não faço minhas coisas, eu fico chateado...
Um pedinte de amor, sempre a mendigar,
Por mais um instante ao teu lado.

II - Balada

Me chama pra balada, eu quero dançar,
Talvez paquerar ou beber até cair,
Com aquela menina vou trocar meu olhar,
Ela mexe no cabelo e começa a sorrir.

Eu vou trabalhar, depois vou pra balada,
Eu vou ser normal, eu vou conhecer,
Eu vou, por um dia, arrumar namorada
E no dia seguinte eu vou esquecer,

Ou vou te ligar pra pedir pra sair,
A noite foi boa, pena que acabou,
E hoje a vida precisa seguir,
Esse nosso amor, foi ontem, passou.

III - Cansaço

Cansaço...
Seu abraço, sem dar...
Colher de amora...
Café preto,
Que da hora
que é a vida
agora...

Momento desespero,
Sem me contrair,
Cuspindo o meu tempero
de novamente sentir...

Cansaço,
O abraço do mar...
No peito uma vontade
de cantar,
sem ar...

Momento desespero,
Distraído novamente,
cuspindo o meu tempero
de seguir em frente...

IV - picolé estragado

picolé estragado,
de um coração congelado,
pura gordura hidrogenada,
de uma alma vazia e pelada.

Todo mundo que se matou,
Deveria mesmo ter se matado,
Pois é sinal que a vida acabou,
Que adianta então ficar acordado?

V - Você e as flores

Você e as flores
E todos os seus amores,
Que não enchem o saco,
Que vida feliz e amorosa,
Ignore o macaco
louco, menina poderosa.

Mas quem tem doença que não tem cura,
Sabe qual é o peso de não ter salvação,
Mas a doença que derruba
É a doença do coração.

Tuas flores, no cemitério, me espetavam,
Tuas roupas feias me mumificavam,
Mesmo pelada, você está tão vestida,
As flores do tempo te tiram de mim,
E eu me revolto com sua morte sem fim,
Maldito cemitério e alma perdida!

VI - Amor morto

Deus, esse sentimento de tempo maldito,
Eu sinto que meus amores estão mortos,
Pois eles tem caminhos distantes, tortos,
Quero morrer também, estou aflito...

Parece que não há gente nesse mundo, oh pai,
Pois a dor do amor é agora e eternamente,
Meu corpo não se levanta e minha alma também cai,
Ser apaixonado deixa muito mais carente.

Meus amores estão mortos, estão mortos de sentir,
Estão mortos em essência e também em existir,
É por isso que eu adoro um cemitério...

Estão mortos de puros e estão mortos de sórdidos,
Estão mortos até de sentimentos mórbidos,
Mortos de luz e mortos de mistério.

VII - Chupadora de sangue

Vem, oh, chupadora de sangue,
Oh, rainha do necrotério,
A mais mafiosa da gangue
É também a mais cheia de mistério!

Vem fazer comigo um ritual,
Com o sangue do maldito vizinho,
Vem comer o meu bilau,
E me tratar com muito carinho...

Se eu começar a sorrir muito, você perde o tesão,
Então é melhor eu voltar a te ignorar,
Vem, meu bem, comer meu coração,
Vem se encher de escuridão até a gente gozar...

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