segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Sombras idilioniricas (clube dos piratas) - VIII - XI

VIII - Noite fria

Em frente da porta, torta, da mulher morta...
o luar em volta...
ruas confusas, muita gente por ali... 
alma vazia...

Um mundo mais sem cor...
noite fria...
oh! Meu amor...
meu amor não morreu na poesia...

Após a morte, vem, na poesia, as flores...
flores dos caixões, são as mesmas dos amores, 
que a morte separou. 

Flores que em máquinas servem só para enfeitar, 
mar de flores, o poeta a navegar...
e a verbena do meu mar murchou...

IX - Ana

Fora do bar, fora da rua, 
estava na casa de Vinny, 
chorando seco. 

Em um mundo pós-dominado, 
por mulheres, muitas mulheres, 
o consumismo veio na veia, 
os comedores de cabeça
tomaram conta de tudo...
eu me sentia tão sozinho... 
oh! Mas eu não era o único... 

Batia na porta, Vinny não estava, 
sua mulher me atendia: 
" pode entrar! "
e então, a gente conversava, 
ela me consolava...
" aonde está Vinny? ", perguntei, 
" talvez no bar, não sei... "
" e quando irá voltar? "
" provavelmente irá demorar... "

" ela nunca me trairia ", 
na minha cabeça, Vinny dizia...
sua mulher se chamava Ana, 
a minha se chamava Amanda...
Ana tinha carne, como Amanda...
Vinny e Ana, 
Lucas e Amanda, 
Amanda e carne, 
carne e sensibilidade, 
sensibilidade e consolo, 
consolo e Ana, 
Ana e Lucas... 
Vinny estava longe, Amanda...
" Ana nunca me trairia... "
Ana, Ana, Ana, Ana, Ana, Ana...
não era puta, não era vadia, 
mas também não era santa...
me encostei em Ana...
Ana, Ana, sobre mim ela pousava, 
por dentro, teu cheiro me tocava, 
e me tocava por fora, Ana!
E fomos ambos pra mesma cama... 
Vinny não voltava, 
Ana sorria...
" ela nunca me trairia... "
Ah, Ana! Doce sabor!

X - chifres de Vinny

Vinny sorria, em saber, 
que de Aninha, um bebê esperava, 
no bar, era bebida de graça...
mas será que era de Vinny, o bebê que ela esperava? 

Vinny sorria, sem saber, 
que sua mulher o traia, em ele perceber, 
com seu amigo viúvo, pirata, poeta... EU!
" Oh! Mais bebida, Vinny! "

Eu, todo bonzinho, 
com medo do carinho, 
não sabia o que dizer...

Eu via chifres no Vinny
e ele, olhava pra mim, a sorrir!
" Hey, Vinny, como vai o bebê? "

XI - promessa

- Você é um garanhão! - Vinny dizia, 
lendo de mim, alguma poesia - 
escuta, amigo, se eu morrer, prometa, 
que cuidará da minha mulher e meu filho, 
pois você é o único pirata em que confio...

- Mas não posso toca-la, ela é sua!
- Mas eu estarei morto e precisarei de alguém, 
que cuide dela e do meu neném, 
para que ela não durma sozinha, 
nem chore muito, por falta minha. 
É muito difícil viver sozinho, 
sei o que está sentindo. 
Há mulheres no bar pra você...
mas não se apaixone por nenhuma delas... 
prometa, Lucas, prometa!
- eu prometo. - mas e agora, boceta?

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