VIII - Noite fria
Em frente da porta, torta, da mulher morta...
o luar em volta...
ruas confusas, muita gente por ali...
alma vazia...
Um mundo mais sem cor...
noite fria...
oh! Meu amor...
meu amor não morreu na poesia...
Após a morte, vem, na poesia, as flores...
flores dos caixões, são as mesmas dos amores,
que a morte separou.
Flores que em máquinas servem só para enfeitar,
mar de flores, o poeta a navegar...
e a verbena do meu mar murchou...
IX - Ana
Fora do bar, fora da rua,
estava na casa de Vinny,
chorando seco.
Em um mundo pós-dominado,
por mulheres, muitas mulheres,
o consumismo veio na veia,
os comedores de cabeça
tomaram conta de tudo...
eu me sentia tão sozinho...
oh! Mas eu não era o único...
Batia na porta, Vinny não estava,
sua mulher me atendia:
" pode entrar! "
e então, a gente conversava,
ela me consolava...
" aonde está Vinny? ", perguntei,
" talvez no bar, não sei... "
" e quando irá voltar? "
" provavelmente irá demorar... "
" ela nunca me trairia ",
na minha cabeça, Vinny dizia...
sua mulher se chamava Ana,
a minha se chamava Amanda...
Ana tinha carne, como Amanda...
Vinny e Ana,
Lucas e Amanda,
Amanda e carne,
carne e sensibilidade,
sensibilidade e consolo,
consolo e Ana,
Ana e Lucas...
Vinny estava longe, Amanda...
" Ana nunca me trairia... "
Ana, Ana, Ana, Ana, Ana, Ana...
não era puta, não era vadia,
mas também não era santa...
me encostei em Ana...
Ana, Ana, sobre mim ela pousava,
por dentro, teu cheiro me tocava,
e me tocava por fora, Ana!
E fomos ambos pra mesma cama...
Vinny não voltava,
Ana sorria...
" ela nunca me trairia... "
Ah, Ana! Doce sabor!
X - chifres de Vinny
Vinny sorria, em saber,
que de Aninha, um bebê esperava,
no bar, era bebida de graça...
mas será que era de Vinny, o bebê que ela esperava?
Vinny sorria, sem saber,
que sua mulher o traia, em ele perceber,
com seu amigo viúvo, pirata, poeta... EU!
" Oh! Mais bebida, Vinny! "
Eu, todo bonzinho,
com medo do carinho,
não sabia o que dizer...
Eu via chifres no Vinny
e ele, olhava pra mim, a sorrir!
" Hey, Vinny, como vai o bebê? "
XI - promessa
- Você é um garanhão! - Vinny dizia,
lendo de mim, alguma poesia -
escuta, amigo, se eu morrer, prometa,
que cuidará da minha mulher e meu filho,
pois você é o único pirata em que confio...
- Mas não posso toca-la, ela é sua!
- Mas eu estarei morto e precisarei de alguém,
que cuide dela e do meu neném,
para que ela não durma sozinha,
nem chore muito, por falta minha.
É muito difícil viver sozinho,
sei o que está sentindo.
Há mulheres no bar pra você...
mas não se apaixone por nenhuma delas...
prometa, Lucas, prometa!
- eu prometo. - mas e agora, boceta?
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