domingo, 11 de maio de 2014

Prédio ao lado - Lucas Jammal

Oh! Se o amor não fosse tão quadrado...
E a relação não fosse sã...
E se eu tivesse tua maçã,
No prédio ao lado...

Aí se o prédio do meu fado
Fosse o mesmo da minha foda,
Só não estaria na moda,
Por estar apaixonado...

É uma saudade aberta,
Que realmente aperta,
É o despertar do medo...

Tão rara é a hora certa,
Que o amor que desperta
É chamado de segredo...

Amiga - Lucas Jammal

Amiga,
Eu estou pensando
Na vida,
Que está passando...
Amor,
Deveria eu viver,
Teu calor,
Não guarde pra você...
Vem aqui,
Não posso mudar,
Amiga,
Meu impulso em amar...
Você,
Desejar,
Me encantar...
Quase não consigo falar...
O teu olhar,
Amiga, tira meu ar...
Sem você não há canção,
Pra se escutar...

Faminta - Lucas Jammal

Fama de mentira
Tem a gulosa por orixás,
Tomando um pouco de alga,
Em um copo quadrado do mar.
Da vida, fez um doce,
Só se pode apreciar,
Não se aprecia quando morre
É como eu vou alimentar?
Se existe osso embaixo da terra,
Deve existir vida no céu...
Se fostes cremado vosso corpo,
Deve existir espíritos na água...
Mas a faminta rouba as cinzas,
Se esconde em uma árvore,
Na floresta mais escura,
Da noite mais escura,
Vendendo sua dieta,
Por um pacote de sombra.

sábado, 10 de maio de 2014

alvo - Lucas Jammal

Olha, filho, um alvo!
Tente acertar, entrar,
Com esse teu calvo,
Cabeção cheio d'ar...
Vai, filho, acerta,
Faz o papai se orgulhar,
O alvo é a coisa certa,
Não pare de olhar!
Ela tem cheiro sincero,
esse é o alvo, filho, que eu quero,
Aí, te deixo nascer...
Nesse alvo eu meto a boca,
mas ela me fez cabeça-oca,
ela não quer ver crescer..

Briga de casal - Lucas Jammal

Homem: Leandra Leal?
Mulher: Não! Besta, feliz natal!
Homem: O pensar é belo, 
Mulher: Mas a união é algo passional...
Homem: Juliana Paes?
Mulher: Não, nosso amor em paz.
A vida é tão linda,
Homem: Você é mais...
Gi... Na...
Mulher: Dá pra parar!?
Homem: Você é tão fofinha,
Eu quero te apertar!

Amoroso - Lucas Jammal

Talvez você soubesse
que nem sempre eu fui carinhoso,
mas se você ao menos pudesse, 
saber quanto eu sou amoroso...
quanto morro de amores,
ainda que sem muita atitude,
minha natureza são as flores
da tua virtude...
se soubesse o quanto oro,
se soubesse o quanto choro,
sempre com meu coração...
se pudesse, amor, sentir,
se pudesse, de amor, me vestir
ou desnudar, minha paixão...

Só pode ser - Lucas Jammal

o amanhã,
só pode ser...
eu sei que o sol
vai renascer...
e todo o amor,
irá crescer...
eu sei que o sol
vai renascer...
nossa luz vai nos encontrar...
e a alma vai flutuar...

Aries? - Rosa Lotus (Lucas Jammal)

Aries? Não me leve a mal,
Mas Aries rege o pau,
Assim como escorpião,
Capricórnio, libra e leão...
Aries rege a cabeça, amor?
Você não disse qual!
A cabeça é um sensor,
Extremamente sexual!
Sexo é fogo, não tem cura,
É água, terra e ar,
Mas é fogo, loucura,
Fogo é prazer de se queimar...

Os artistas - Lucas Jammal

Somos os profetas da modernidade,
temos armas mas não temos gatilho,
somos trens fora de trilho, 
poetas sem maturidade...
vendemos o corpo pois não temos alma,
vendemos tudo pois não temos nada,
e nos domingos, vendemos a alvorada,
lentamente, pois não temos calma...
nós somos bipolares,
não temos controle do nosso potencial,
de dia, é tudo atonal,
de noite, são poucos lugares...

palavras de um poeta - Lucas Jammal

Essas são as minhas palavras,
Palavras de um poeta,
Que não impressionam ninguém...
Não impressionam os tolos,
Pois não acreditam na arte,
e não impressionam os artistas
que fazem a própria arte...
Poderia fazer por fazer,
Somente por desabafar,
Mas ao bafo não impressiona,
Não impressiona o luar...
Não impressiona a vida,
Pois depende dela pra viver
E não impressiona a morte,
Pois nunca desejou morrer...
E esse poeta quadrado,
Também não impressiona o nada,
E seu jeitinho debochado
Só impressiona a namorada...

onomatopeia - Lucas Jammal

Em um estado lúcido, vi,
Uma mulher, de vigia,
Princesa do mar negro:
" Onomatopia "
Peguei minha onomatobiblia
Pensando no que amor te faz,
Deixa você triste, mas,
É melhor que religião,
Religião te livra do pecado,
Religião te deixa conformado,
Amor-te, não.
Minha raiz utopéica,
Me seguiu até em casa,
Como uma sombra ruim,
Bateu na minha porta
E começamos a conversar...
----------------------
A ventania foi forte,
As maçãs caíram no mar,
Não consegui recuperar
Nenhum pecado...
Dos meus olhos saiam lágrimas,
Das minhas lágrimas, fé,
Já não havia mais religião,
Havia só amor,
Não havia pecado,
Não havia dor,
Só amor...
Amor...
Homem com homem,
Mulher com mulher,
Amor...
-------------------
- Morreu?
- Morreu.
Morreu, viu uma luz,
Uma pobre tradução,
Disfarçada de cruz...
Morreu. Perdeu a razão.
- Menino Jesus, morreu?
Será que o homem matou,
Só sei que não fui eu,
Quem de perto o amor acabou...
- Não morreu Deus, não,
Morreu o amor,
Morreu meu coração,
Nasceu a minha dor...
- sinto-me grande
- e eu, sinto-me pequeno...
- Estamos muito longe do amor?
Estamos muito longe da morte?
Estamos muito longe da vida?
- Espírito...
- Espírito...
- Acabou...
- Acabou.

Os olhos - Lucas Jammal

Poesia mais imensa são os olhos,
Que ao quieto chama tanto a atenção
Par de luzes radiantes,
Par de fogo que mais queima...
E quando Saturno pede por um olhar,
Se perde no tempo de sua morte,
Sabe quanto demora alguma sorte,
Sabe mais da vida que qualquer deus...
Só quem sabe do tempo, sabe da vida,
Só quem em vida cresce, sabe da morte...
E como morrer é diminuir...
E viver é um infinito fluir...
E tudo que me dizia teu olhar,
Sobre a vida, sobre a morte, sobre o tempo,
Dentro disso tudo me fez perder,
Talvez tudo isso e talvez até você...
Ando distraído, no olhar,
Do amor, da fama, da família,
do sol e do luar...
Fecho os olhos, penso, na cama:
Poesia mais imensa são os olhos,
Fazem do meu caos uma razão,
Par tão paranóico, ambulante,
Dono de uma luz que sempre teima...
Dono de um sentir que nunca mente,
Dono de uma dor que não se vence,
Dono de um calor que não se sente,
Dono de alguém que não pertence...

mulher dos anos 2000 - Lucas Jammal

Presta atenção, rapaz,
Eu sou a mulher dos anos 2000,
Nasci em 1994,
Eu só fico com você,
Se me mostrar provas
De que é um pegador...
Se você curtir com a galera,
Ser conservador,
Vai doer, rapaz,
Quando eu te trocar,
Por alguém que dê prazer,
No lugar de amor...
Olhar é como trair,
Pois no primeiro olhar,
Rapaz, nada me impede de ir...
Eu só fico com você,
Se você aprender a falar,
Se você conseguir deixar
Seu pensamento sem ar,
Seu coração brochar,
Eu sou uma mulher,
Talvez homem, dos anos 2000
E filosofia me faz vomitar...

Alma de cachoeira - Lucas Jammal

Essa é a alma de uma cachoeira,
Perdida no mar,
Alma sem poeira,
Besteira de amar...
Alma carinhosa,
Que pode matar,
Alma tão dengosa,
Sempre a se afogar...
Debaixo d'água,
Descansa a alma sem mágoa,
Querendo mergulhar...
Em cada mergulhada,
A alma enamorada,
Ao corpo quer limpar...

Vicio - Lucas Jammal

Não quero morrer,
Mas quando morrer,
Quero voltar a ser criança,
Por toda a eternidade...
Ver a minha infância,
Meu ciclo vicioso,
Encher de desenhos a pança,
Que gostoso!
Quando morrer,
Quero viver,
Fora do mundo,
Como eu sempre vivi...
Brincar com o piano,
Tocar com brinquedos,
Fazer fantasia,
Minha arte é a minha terapia...

Meu corpo - Lucas Jammal

Quem diz que sou quieto,
Ao meu corpo, não escuta,
Rastejando inquieto,
Cada palavra bruta...
E em cada vibração,
Meu corpo faz amar,
Faz qualquer coração,
Sem saber, delirar...
Até quando virar cinza,
Meu corpo, vão sentir,
Pois com meu silêncio,
Ele volta a existir...

Crianção - Lucas Jammal

Eu fico aqui sem você
Quero morrer
Quero voltar pro mar
Quero você, mas
Sou Crianção e
Vivo num mundo azul...
Quero você,
mas prefiro morrer só...
Eu quero sair desse lugar
Quero pular, vamos ver...
Quero jantar com você...
Você pode me acordar
Não vou sair do lugar...
Vou chorar, pra você ver,
Não vou fazer por prazer...
Não vou voltar,
Não, não, não vou...
Quero você pra conversar...
Quero dizer, mas...
Eu sempre fui um só...

Nulidade do poeta - Lucas Jammal

Você já pensou em se matar?
Tudo bem, eu entendo,
Não há ninguém que tenha feito poesia,
Que nunca pensou em se matar...
Andam por aí dizendo
(O) que você tem que falar?
Ignore, pois não há,
Poeta que saiba falar...
Não sabe o que fazer?
Mas existe algum poeta por aí,
Que soube fazer algo,
muito além de escrever?

Mari, Ju, Ana - Lucas Jammal

Ana é um Karma intenso do meu coração,
Ana é um amor
Tão incerto quanto a razão...
Ana não tem cor...
Ana, pro médico, é amputar um membro,
É uma triste solução,
Ana, pra mim é dezembro,
É uma feliz aversão...
Ou Ana foi uma flor,
Ou Ana foi um tumor,
Na minha mais antiga encarnação...
Ou é somente o meu juízo,
Que diz que só existe prejuízo,
Quando se respira paixão...

Como ela é? - Rosa Lotus (Lucas Jammal)

Como ela é?
É depilada, tem bigode?
É macia, faz massagem?
É cheirosa, é limpinha?
É exótica como você?
É empadinha de camarão,
é sushi, é bacalhau?
é cheia de escuridão!
Serás o sonho do meu pau?
Como ela é?
Como ela é?
É atrevida, é molhada?
é seca, é impressionada?
É expressionista ou é art pop?
É romântica ou real?
É primitiva ou robótica?
É carnívora ou espiritual?
É muxa que nem você?
Ela é nova ou é virgem?
Ela é experiente ou é burra?
Ela é linda, tem bigode?
É gostosa, faz massagem?
E quando você fica de quatro,
ela é boa de entrar?
Como é o formato?
Você vai me mostrar?

canto adoecido - Lucas Jammal

Som e fúria,
amor recebido,
noite insegura
e o som esquecido,
cantando canções...
Marcha fúnebre,
corações adoecidos,
cantando canções
de um som esquecido...
O mar vai cantando,
um som esquecido,
som e fúria,
a rima chorando,
a chuva, molhando
e o som, esquecido,
a dor vem voltando,
o mundo acabando
e o poeta vem cantando
canções...
Carne quente,
alma fria,
tão demente,
que não se esvazia
de tanto cantar
canções...
Som e fúria,
canto adoecido
pela luxúria
do poeta atrevido...

insônia - Lucas Jammal

Existe uma cama que encaro,
Como uma cama de loja,
Mas está na minha casa
E eu não consigo dormir...
A cama sempre diz,
Venha vós ao nosso reino,
Mas lembro que não sou Deus
E não consigo dormir...
De noite a cama filosofa,
Diz que pensa, logo existe,
Mas como eu não penso,
Não existo, pra dormir...
A cama conversa comigo,
Todo final de semana,
Eu sempre tive cama,
Eu sempre tive amigo,
Mas quando sei o porvir,
Não consigo dormir...
A cama tomou leite,
Dorme em cima de mim,
E eu, escondido nela,
Não consigo dormir...

vocação do poeta - Lucas Jammal

No meio da estrada
Não havia fantasia,
Então não havia nada,
Só havia poesia...
No meio de um mar,
Um coração escrevia,
O que o mundo pedia,
E não cabia pensar...
Nos versos que podia escrever,
Seu coração trabalhava,
Mas só a cabeça mandava,
Ele acordar pra viver...

Amor é um orifício - Lucas Jammal

Amor é passional,
É coisa lá do hospício,
Amor é experimental,
Amor é um orifício...
Amor é apertado,
Amor é perseguido,
Amor é bem molhado,
Amor, as vezes é esquecido...
O amor no qual eu sondo,
É o mesmo que me escondo,
Quando ele me aparece...
Amor tem que limpar,
E depois se mergulhar,
Comer o amor, em prece...

Se eu pudesse ser um gato - Lucas Jammal

Se eu pudesse ser um gato,
Eu seria.
Não teria línguas estúpidas,
Como o ser humano;
Todo mundo entenderia meu miado...
Se eu pudesse ser um gato,
Eu seria tão fofo,
Tão mais inteligente,
Com uma língua só,
Um miado tão certo,
Ninguém teria dúvida...
Eu não teria que estudar,
Para poder derrubar,
Que algum amigo meu,
Eu poderia transar,
Quando a vontade bater
E se eu fosse castrado
(Deus me livre!)
Poderia viver,
As vezes até mais...
Se eu fosse um gato,
Todos iriam gostar dos meus pelos,
Se eu fosse um gato...
Seria o rei de um ser humano,
Se eu fosse um gato,
Não teria o maldito
Racionalismo pra escolher...
Se eu morresse, teria mesmo morrido.
Não sobraria nem meu medo...
Bem, na verdade eu nem teria medo,
De morrer e de viver...

decadências de engano - Lucas Jammal

é engano seu que eu vou pensar
em escolher um pobre lugar
e não fazer arte pra viver
e escolher pra te receber...
é engano seu e pobre de mim,
que pensa assim, que pode seguir,
o sentimento pra se alimentar...
pobre que sou eu, que mesmo assim,
tenta insistir que pode viver
só de sentir
e de amar...

parabéns - Lucas Jammal

parabéns, meu bem você
que conseguiu se resolver
depois de cair 
se levantou e fez sentir...
Você vai ser,
e vai brilhar e só você,
pode entender...
você gritou,
você chorou
e conseguiu,
você partiu...
você vai viver...
você vai brilhar,
e vai cantar,
mas só você...
pode entender...

Lilith (o poder da mulher) - Lucas Jammal

Não tem como eu saber,
Pois sou homem, você é mulher,
Há muito tempo já sabia 
E soube esconder...
Como eu poderia ser,
Algo maior que você,
Se eu sou homem, você é mulher
E sabe sempre o que fazer?
O poeta disse sobre os sentimentos,
O matemático fez os cálculos,
O cientista finalmente descobriu
E, de todos eles, você riu...
O cantor, então, cantou,
O crítico, comentou,
E quando o E.T. a sequestrou,
Você nem ligou...
E o diabo que mente tanto,
Nunca questionou,
Nunca entendeu o porque dos chifres,
Que nasceu, depois que ele te namorou...

Você é cult - Lucas Jammal

Você é cult,
Soa até anti-sociável,
Você nunca se manteve estável, 
De repente resolveu mudar...
Você é cult,
Você não vê pornografia,
Mas adora filme de orgia
E violência por todo ar...
Você é cult,
Suas conversas sempre tem motivos,
Tem um buque de beijos sensitivos
Apenas feitos pro luar...

Seu jeito aberto de ser - Lucas Jammal

Seu jeito aberto de ser,
Sempre me fez aprender,
Que eu deveria absorver...
E não travar pra dizer,
É atuar pra valer,
Mentir eu já sei fazer...
Esse teu jeito, eu quero ter,
Cada palavra, entender,
E nunca mais esquecer...
Esse teu amanhecer,
Tem um jeitinho de aquecer...
Mas eu preciso saber,
que eu vivo para morrer,
Que eu morro pra sobreviver,
E sobrevivo pra viver...

Ao palco estreito - Lucas Jammal

Cara, eu queria ser ator,
Mas só sei mentir,
Dizendo que sou cantor,
E canto em pleno sentir...
Eu realmente queria,
Ser um ator, viver,
Essa antroposofia,
De um intenso querer...
Eu queria ter valor,
Eu queria somente acreditar,
Que um dia, eu ainda vou chegar...
Ah! Seria como viver de amor...

poeta hipster - Lucas Jammal

Sou um poeta hipster,
Nada vanguardista,
Não sou trabalhador,
Muito menos, artista!
Sou um bêbado equilibrista,
Que deixa o mundo cair,
Sou o maior egoísta,
Que pode existir...
Um poeta hipster,
Que adora filme cult,
Não por ser enjoado,
Mas por ter depressão...
Apaixonado pela brancura,
Que existe no vazio,
Sou a frescura mais pura,
Que já existiu...
Quero ir pra Marte,
Viver de solidão,
Abandonar a arte
É vomitar minha ambição...
No palco invejado,
Sobe muita gente morta,
Não por serem mal amados,
Mas por terem a boca torta...
Do trabalho, sou a fuga,
Do conhecimento, o lixão,
Da arte, um sangue-suga,
E da morte, um cristão...

Corpos - Lucas Jammal

Queria trabalhar no teu corpo,
Ou até, talvez, trabalhar em corpos,
Os de ciência, história, literatura,
Deixar o piano dar um ré,
Agudo ou grave,
Grosso ou fino...
Oh! Piano forte!
Queria trabalhar com mulheres,
Naquele momento, entre a palavra número 2000 até a 2400 do dia...
Ser um psicólogo,
Ou um ginecologista,
Eu nunca fico parado, mesmo...
Queria aprender a dirigir os corpos,
Eu olho para os corpos,
A postura, nossa, é tão ruim,
Da vontade de fazer,
Com que naturalmente se alinhem,
Com o meu humilde molesto...
Masturbo em protesto,
Em nome dos corpos,
Queria esquecer do mundo,
E ter você nos braços,
Meter-te a minha juventude,
Passo a passo,
Até em forma de virtude,
Ser romântico e ter corpo
Ou realista e ter corpos...

Eu amo meus amigos - Lucas Jammal

Eu amo meus amigos,
E eles estão cansados de saber,
Que eu namoro meus amigos,
Mas eles não sabem...
Amigos foram feitos, afinal,
Para serem amados,
Eu olho meus amigos
E devoro com os olhos...
A diferença entre o namoro e a amizade,
é que o namoro é algo platônico,
Os amigos podem até ir embora,
Mas eu continuo amando meus amigos...
Eu não divido meus amigos...
Ontem, fiz um amigo no teatro,
Fiz um amigo no banheiro,
Afinal de contas, eu amo meus amigos...
Quem nunca beijou uma amiga,
Nunca teve um amigo...
Não sabe o que é a vida,
Nunca teve abrigo...
Eu amo esse meu negocio de amigos,
Eu dou banho nos meus amigos,
Filmo um filme pornográfico...
Eu imagino...
Quando converso com um amigo,
Sinto que falta algo,
Falta ação...
Fico desanimado...
Quando os amigos são íntimos,
Amorosamente eu como,
Mas quando não tenho intimidade,
Intimido e devoro...
Em alguma vida
Eu já comi esse amigo,
Talvez em todas elas,
Afinal, é só um amigo...
E quando eu olho pra um amigo
E ela começa a rir,
Procuramos um cantinho,
Pra sorrir...

você é ator - Lucas Jammal

Ei, rapaz, você é ator,
E eu, não sou,
Eu sou um estivador,
Nem sei pra onde vou...
Ei, rapaz, você é poeta,
E eu, não sou não...
Sou um compositor de bicicleta,
Cheio de ambição...
Ei, rapaz, você é artista...
Bom, rapaz, eu,
Sou um engenheiro de ativistas,
Sou quem em febre faleceu...

Capa da invisibilidade - Lucas Jammal

Eu cai dentro da capa da invisibilidade,
Que eu mesmo comprei,
Fiz do pessimismo a maior mediocridade,
Tudo eu estraguei...
Sempre tive talento,
Mas não planejei,
Meu rosto sonolento,
Fez desaparecer rei...
E todo meu orgulho,
Virou bagulho,
Virou o maior motivo de vergonha...
Meu maior absurdo
É ser mudo, surdo,
Parece até que usei maconha!

humildade - Lucas Jammal

Eu sou poeta
E já comecei errado esse poema,
Devo ter mais humildade,
Talvez assim, não haveria problema...
O orgulho só foi feito,
Pra ter fobia social,
Pra eu ser mais imperfeito,
Com azedume natural...
Humildade que tanto clamo,
Liberdade que mais amo,
Quem sempre fui apaixonado...
Mas não busco, por orgulho,
Fico até surdo, com o barulho,
Do meu coração desapontado...

Rimbaud - Lucas Jammal

Quando eu era jovem,
Eu perseguia uma garota,
Ela dizia que eu era louco
E eu disse " todo mundo é louco "
E ela: " mas você é no sentido ruim "
Ela era branquela, se chamava África
E me deixava louco, sim!
Quando eu era sem noção,
Eu assistia o mundo,
Que girava sem razão...
Eu destruí meu escudo,
Pra ver o que tinha dentro,
Com a cabeça nas nuvens,
Eu virei o vento...
Com uma personalidade de terra,
Eu virei o absurdo,
E quando eu amei,
Virei um velho tão mimado,
Me derrubei,
Não por cansaço,
Mas pra sentir o chão...
Oh, sol estival!
Oh, noite pura,
Escrevi qualquer loucura,
Mas minha alma imoral,
Interrompia minha postura,
Fez do sol, surreal
E da noite, frescura...
Oh, noite tão morta!
Oh, dia que mata!
Oh, podre beleza!
Oh, Mocidade presa,
Da beleza anulada!
Oh, pobre natureza,
Quadrada...
Oh! Tamanha paciência;
Na quadratura nasci,
Na quadratura, morri,
Vivi sem quadratura,
Dentro de um cubo...
Dentro de um cubo...
Dentro de um cubo...

desativar - Lucas Jammal

Quero te fazer viver,
Destruir teu computador,
Te fazer perceber,
Que isso não é amor...
Te tirar de casa,
Fazer você voar,
Com adrenalina e sem asa,
Com a tecnologia, arrebentar...
Destruir cada sistema,
Pra resolver o problema,
De falar...
Voltar ao passado...
Acesso negado...
Eu vou te desativar!

triângulo - Lucas Jammal

Triângulo, ou quadrado,
Dois é o único número em exceção,
Oh, amor modulado,
Oh, inerte coração...
Dois não se forma figura,
Mas uma linha reta...
Dois é ditadura,
De quem odeia meta...
Um triângulo, três pontinhos,
Um Pessoa, dois caminhos,
Dois caminhos limitados...
Três amores ilimitados,
Poeta não trai, mas é infiel;
Já morou no inferno e no céu...

é tudo soterrado - Lucas Jammal

É tudo soterrado,
Limitado, amputado,
Esquecido, sepultado,
Desluzido e arrancado...
Tudo que é desejo,
Será desperdiçado,
Beijo que é beijo,
Não existe em seu estado...
Tudo que é amor,
Vai viver desanimado,
Vai sonhar desacordado,
Vai sorrir de dor...

parabéns, amor - Lucas Jammal

Parabéns, você, alma odiada,
Próxima de todos os inimigos,
Que vive da tristeza azarada,
Com todos seus lunáticos amigos...
Parabéns, amor da vida,
Alvo de distância e piada,
Saiba que foi sempre minha querida,
Saiba que foi sempre minha amada...
Parabéns, morbidez do viver,
Algo tão potente em querer,
Quanto impotente em realizar...
Parabéns, criatura que mima,
Que por um breve tempo me anima,
Pra depois viver de se matar...

Estuprada - Lucas Jammal

Estagnada, largada no chão,
Tendo que ouvir, calada,
Bobagens do povão,
Estagnada...
Comportada,
Mas disseram que não...
E com sua própria mão,
Fez de mim, forçada...
Pelada,
Nesse verão quem dera,
Só quem já foi estuprada,
Sabe o que é não ser primavera...

maconha imaginária - Lucas Jammal

fumando minha maconha imaginária,
puxando tudo pro pulmão,
assistindo televisão... 
tomando chá na Bulgária...
fazendo a polirritmia,
dentro da pedagogia sã,
Antroposofia Alemã,
minha mais romântica filosofia...
fazendo um bebê carro,
resumindo em catarro,
um grito encantado...
meu desejo mais racional,
com meu impulso passional...
e penso, deitado...

a nuvem do luar - Lucas Jammal

Ela não é minha namorada
– nem tem graça –
mas me faz babar...
Quando eu penso nela,
faço tudo estranho,
paro de pensar,
Faço tudo errado,
saio do quadrado,
quero namorar...
Eu escondo ela,
dentro da tigela,
vamos almoçar...
Dentro do banheiro,
é o dia inteiro,
não quer mais parar...
Dentro do açougue,
Não há ladrão que roube,
A carne vai durar...
Dentro da armadilha,
É uma pequena ilha,
À experimentar...
Dentro da magia,
É só fantasia,
Para se atuar...
E quando está pelada,
Mostra-me a estrada,
Pra se caminhar...
E dentro do carro,
Ela é um cigarro,
Pra me aromar...
Mas minha mente diz,
Que não vou ser feliz,
Com ela em seu lugar...
Meu coração pega,
Os pedaços mais bregas,
Começa a misturar...
E pra cada uma,
Algum lugar arruma,
Pra poder morar...
E o meu ombrinho estraga,
Com dor ele paga,
Um tosco levantar...
E no banco furado,
Fico desempregado,
Sabendo só cantar...
Primeiro escrevo poesia,
Compro com a alegria,
Começo a chorar...
E só perco dinheiro,
Pavor do ano inteiro,
Não posso nem transar...
Escrevo um roteiro,
Cult de primeiro,
Começo a inventar...
Boto pornografia,
E com tua pele fria,
Começo a brincar...
Mas tua pele é rasa,
Tu fecha a tua asa,
Não queres mais voar...
Falastes que me ama,
Mas somente na cama
Pudestes desnudar?
Eu pego alguma câmera,
Escondido numa câmara,
Viver de cobiçar...
Mas bato a cara no chão,
Pois meu coração
Pensou em abandonar...
Garota, agora vira,
Pela arte, você pira
E é por ela que vai dar!
Eu mesmo fodo a arte,
Da arte, fizestes parte,
Então vamos amar...
Transando todo dia,
Compondo a harmonia,
Acho que vou gozar...
Filmando algum momento,
Terceiro movimento,
De quatro vai virar...
Filmei foi tudo errado,
Pornô danificado,
Nem soube, ela, atuar...
Falei do teu buraco,
Pensando no meu taco,
Amor, posso voltar?
E deito, por inteiro,
Pensando ser travesseiro,
A nuvem do luar...

Talking with a dream - Lucas Jammal

I will miss you,
when I wake up,
I will kiss you,
on my heart...
my heart will beat,
a new song,
Ground and meat,
feeling alone...
and when I laugh
I can cry,
I will shoot
Into the skies

o mesmo espaço - Lucas Jammal

toda a filosofia é bobagem,
nossos corpos vão ocupar o mesmo espaço,
toda essa viagem, 
vai resultar em brisa e mormaço...
Se dois corpos estão em espaços diferentes,
então somos só um,
meu corpo é você, eu sou minha mente
e entre esses dois não há espaço algum...
E se mais um espaço vier cutucando,
mas sendo outro corpo, não puder entrar,
espremo palavras, começo a buscar,
o pouco de tempo que fico sonhando...

ai, solidão - Lucas Jammal

Ai, solidão! 
Engula a minha fala,
Oh, rainha da paixão,
Que nunca se cala...

pra não dizer que não falei de erudito - Lucas Jammal

Doce música erudita,
Tão ardida de se ouvir,
Doce música maldita,
Como o funk carioca...
São ambos bem parecidos,
Um é o estupro da melodia,
Outro é o estupro dos ouvidos,
Não existe bem uma harmonia...
Oh, essa música que além de antiga,
É completamente importada,
Além disso, nacionalista...
Ai, minha pátria desamada...
Poderei eu viver,
Trabalhando o tempo todo,
Decapitando o encantamento,
Da arte que trabalho?
Já não escuto o que gosto,
Pois tenho que pensar,
No ritmo, melodia, harmonia e timbre,
Isso é apreciar?
Eu começo a ouvir
Só pra estudar,
Esquecendo completamente,
Do que a música quer me passar...

escolher - Lucas Jammal

Verso ou prosa?
Como devo dizer?
Pobre alma amorosa,
Que não sabe nunca escolher...
Eu já tenho mil idéias,
Não me venha com o que fazer...
Infinitas odisseias,
Dentro de um curto viver...
Um pé em cada lado,
Andavam amputados,
Sem saberem pra onde ir...
Minha cabeça no chão,
Nos céus, meu coração,
À espera do porvir...

magia da páscoa - Lucas Jammal

Quando eu era pequeno,
Eu acreditava no coelho da páscoa,
Meus avós diziam que ele escondeu os ovos
Em algum lugar da casa...
Eu procurava, até encontrar,
Achava os ovos,
Mas não estava satisfeito,
Pois queria achar o coelho...
Nunca agradeci de perto...
Deixei um bilhete...
E quando eu descobri,
Que minha avó que respondeu?

inferno particular - Lucas Jammal

A partícula da alma secular,
Dentro da minha fantasia,
Morre envolto à jugular,
Vive pra fora, sem poesia...
A película do membro sentimento,
Foge até sobrar a nostalgia,
Corre e pula no tormento,
Atormentado, procurando por magia...
Espera por um milagre submundo,
Oh, escuridão do lago mais profundo...
Oh, desilusão da vida menos amada...
Se minha visão partisse de algum futuro,
Seria apenas mais concreto o tão duro
que será essa escuridão lotada...

precisamos da tragédia - Lucas Jammal

Precisamos de homens bomba,
De terrorista,
De explosão...
Precisamos da lavagem,
Da nossa maldita
Corrupção...
Precisamos de mercenários,
Vingadores,
Destruição...
Precisamos de palavras,
De um terremoto,
E uma erupção...
Precisamos de uma bomba atômica,
Pra gente evoluir
Como o Japão?

Desmotivado - Lucas Jammal

Eu vivo com medo da morte,
Mas a vida me deixou desmotivado,
Uma hora eu deixo essa sorte,
Chamada: viver cansado.
Até viver cansa,
Quando a gente está triste...
E nada a gente alcança,
O impossível bem existe...
Vou pro quatro, angustiado,
Choro, sem recado, o vinho,
E desejo, intoxicado,
Morrer sozinho...

retorno - Lucas Jammal

Tendo uma hemorragia de sentimentos,
Chegou o grande profeta,
Escrevendo seus tormentos...
Quanto ganha um poeta?
Um poeta ganha um soco,
O poeta pensa em vão,
Se o poeta escreve muito,
Nunca encontra solução...
E se o sentimento faz viver,
Trancado em sua poesia,
Melhor parar de escrever:
Ninguém mais lê essa porcaria!

matando aos pouquinhos - Lucas Jammal

Vou me matando aos pouquinhos, pois assim não dá medo,
Não quero saber que estou morrendo,
Vou deixando meus sonhos, minha vida em segredo,
E é dentro desse vácuo que estou querendo...
Vou morrendo delicado, com a falta de ar,
E, friamente, vou me distraindo,
Francamente, nunca estou sorrindo,
E pra perder a consciência, vou me embebedar...
Meu prédio não tem rede, mas meu medo é gigante,
Ainda consciente como um pequeno elefante...
Deito na cama, pra esquecer da vida...
E, com medo do futuro, eu penso no passado,
Chorando aos berros, calado,
Caminhando para o inferno que só existe ida...

Céu, vida e outra vida? - Lucas Jammal

Tenho que tomar cuidado,
De estar vivendo pouco,
De estar ficando louco,
Porém desacordado...
De sonhar como se eu fosse,
Viver eternamente,
E de repente, morrer,
Como quem não vive intensamente...
E por mais pesada a vida,
Mais amada a querida,
Eu não aproveito o suficiente...
A saúde é a maior doença,
Cuidado com sua crença,
Viva constantemente...

O importante é aproveitar - Lucas Jammal

Vamos brincar?
Pode ser!
Amar?
Transar?
Não pode? 
Tudo bem!
O importante é aproveitar...
Esconde-esconde,
Pega-pega,
Não quer?
Mas sei que de alguma coisa,
Você quer brincar...
Vem pra cá,
Cheirar meu rabo,
Gargalhar,
Pegar minha bolinha
E jogar,
Depois dizer 
" vai lá pegar! "
Vem segurar
Minha mãozinha,
Vamos rolar,
Será que rola?
Se não rola tudo bem,
Vamos brincar de insistir,
Vamos brincar resistir,
Facilitar, dificultar...
Vamos brincar,
De cutucar,
Preliminar,
Eliminar,
Fazer careta,
Chupar chupeta,
Aposentar...

Quando eu engatinhava - Lucas Jammal

Eu engatinhava,
Você me ignorava,
Eu olhava o teu olhar...
Fazia uma careta,
Eu quero tua chupeta...
Se não me der vou chorar!
Você então gozava
de mim e eu abusava...
Eu só queria mamar...
Você não me entendia,
Não soube o que eu queria,
Também não iria dar...

No buraco do profundo - Lucas Jammal

No buraco do profundo, 
tem cem linhas de horizonte,
tem uma vida sem fonte,
canto dos desencantados,
mil presentes insanos
e um barco moribundo,
de fantoches inanimados,
chamados seres humanos...

E, em vida de mutante,
fantoche não põe mão,
fosse o homem elefante,
ou apenas teu irmão...
nunca ganhei dinheiro com extinção...
mas que petróleo azul sangrento!
Viver é ser detento,
sempre atento com a razão...

Emoção de quem se rasga...
vela a noite acordado...
que vai ser desse fado?..
manda quem esmaga...
só arruma emprego no sul,
quem come sereia...
e só bebe quem esfaqueia
sangue azul...