domingo, 24 de julho de 2016

Lógica do amante - Lucas Jammal

I

Será a lógica do amante,
A constância do amor
Ou o amor constante?

II

Para a minha dor,
Não há um museu...
Sou eu – apenas um sonhador.

III

Noites vazias pra eu
cantar com a minha flor.
Noites vazias pra mim. Teu...

IV

Na vagina, escondido,
Como o cu, fechado,
pau lambido...

V

Eu sou o cara errado,
Vestido de bandido,
Meu olhar frustado,
Meu ouvido entupido
De pensamento vão...
Você fecha a sua boca,
Tipo um peido inibido,
Eu, não.

VI

Quando eu não falo nada,
Você fica rouca
De tanto ficar quieta,
Você fica parada,
Como uma seta...
Mulher tarada.

VII

Tempestade pesada,
Perturbadora tempestade,
Que tira a luz do menino
E não aparenta a idade...

E canta como um hino,
Vossa tempestade malvada
De fogo. E eu ouço atento,
Teu canto sombrio de fada.

VIII

Quem se contenta, amor, quem se contenta,
Somente com o amor e o vento?
Quem ama sai correndo...
Paixão desatenta?
Mulher desarrumada?
Sempre fedendo?

IX

Fedido eu sou por dentro,
Fudê por fora eu tento,
Com meu amor, à tento,
No meio do centro.

X

O que estou dizendo?
O que eu estou fazendo,
Nesse mundo sem roteiro,
Nessa história sem fim,
Onde no meio sempre acaba?

XI

O que não há em mim?
Do corpo, um empresário,
Da alma, um fazendeiro,
Dos sentimentos, um armário.

XII

Você estende um corpo no varal.
Nunca escolhe pela alma.
Você analisa, fria e calma.
Sempre um ponto no final.

E realiza o teu desejo,
Quando encontra a perfeição.
O que te faz querer um beijo
é a razão.

Você se vende e não percebe,
Quando você recebe
Apenas por receber...

E se algo fugir do contato,
Você irá fugir como um rato,
Sem ninguém perceber...

XIII

Tudo o que me resta,
É menos do que nada,
Vou fazer a festa
Da alma condenada.

É natal. E a prece,
Com pressa, pega a estrada...
E o fluido desce,
Na garganta esturricada...

Vou cantar primeiro,
Encanto, maconheiro,
O chão repartido...

Dou-lhe um anel
E assim reparto o céu...
Mas sinto-me perdido...

XIV

Aracnofobia, eu dizia,
Olhando aquela aranha,
Na cobra, ela fazia,
A festa da entranha.

Castanho, o teu olhar,
Que prega a eternidade,
Tem medo do luar,
Romântica vaidade...

Um furacão de aranhas voavam,
Em meu rosto, se ajeitavam,
Nunca fiquei tão feliz...

E ao meu corpo, uma picava,
E assim, me envenenava,
Deixando, amarga, a cicatriz...

XV

Cálculo é preciso,
Amor não é preciso...
Navegar enquanto existe,
Amor é sentimento,
Amor nem sempre é triste,
Ame o momento.
Amor é momento.
Amor é movimento...

Amor nem sempre fala,
Mas sempre escuta
E quando a alma se cala,
O amor executa...

Mil beijos vão embora,
Quando você...

XVI

Chora, chora, chora,
Dane-se meu beijo,
Amo sem desejo,
Rezando à vossa aurora...

Chora, meu amor,
Chora, que a esperança
É a primeira que morre. Ator
é como se fosse ser criança.

Chora, que o vizinho,
Não escuta. Sozinho
é só você nesse mundo...

Chora, que o vizinho chora pouco,
Quem chora é pobre ou louco
E eu choro lá do fundo.

XVII

Refrescante é o luar,
Seu cantar delirante!
Delicioso cantar,
Do luar refrescante!

Delicioso amor,
Que amor gostoso!
Um amor delicioso,
Com gosto de cantor.

Cantar que faz chorar,
Sentir que faz amar,
Que faz cantar e sentir.

Amor que faz pensar,
Na dor que faz voltar
A sorrir.

XVIII

Você ouriçou,
Quando sentiu o beijo meu,
Meu volume encostou
E assustada, você me deu...

Apaixonado pela paixão,
Assisti um filme com seu amor,
Filme clássico. E o coração
Também queria ser ator...

Ouriçada, você me dava
E quente, nem imaginava,
Que poderia receber...

Escorregava ouriçada,
Amor que faz a amada
Adormecer...

XIX

Cheirar o teu cangote,
Passar a mão na bunda,
Sou apenas um filhote,
Com uma alma moribunda...

Filhote assanhado de gato,
Que faz cara de calhorda
E fica todo amarrado na corda,
Eu sou um cara chato.

E, com uma banda de maçã,
Com medo da luz,
Começo a ficar cinza, cada vez mais cinza,
Me afastando da rima...

XX

O que existe, enfim?
Da luz, um ordinário,
Do começo, o fim,
Do sentir, um mercenário...

É que a vida se contenta
Com o pouco que há de ser...
Aquele que mais aguenta,
É o primeiro a falecer.

Começa o amor no por do sol,
O amor é isca. E o anzol
é um frágil coração...

Escuta a luz da emoção, escuta,
Encanta-me com tua paixão biruta,
Antes de acabar a canção.

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