Quando se trata de alguém - Lucas Jammal
I - enfiar no nada
Quero me enfiar no nada,
Na eterna desesperança,
Ter a alma contornada
Por uma mente sem lembrança...
Pois quando se trata de alguém,
Esquecer
é sempre o melhor a se fazer,
Ou você se sente um ninguém...
Será que vou morrer,
Sem te ver
Novamente?
E se fosse, o que farias?
Será que me encontrarias,
Ou deixava-me doente?
II - só pra me envolver
Quero amar,
Sem poder,
Atestar...
Vou sofrer...
Se por algum amor,
Você se apaixonar,
Eu vou querer ajudar,
Só pra me envolver...
Quero sumir com a dor,
Que eu guardo no peito,
Mas tratando em seu respeito,
Só posso me esconder...
III - dias vazios
Posso tentar
Morrer,
Mas vou sempre fracassar,
Pois com você quero viver...
E você não está no vazio,
Portanto não iria adiantar...
Um dia sem conversar,
Eu já morro de frio...
No segundo, começo a atormentar,
Tento saber o que acontece,
Mas não adianta ajoelhar,
Nem tentar morrer em prece...
No terceiro começo a querer,
Saber,
Com quem fala, o que faz
E quando eu vou ficar em paz...
No quarto, fico em algum recanto,
Alma e mente bem feridas,
Escondido do teu encanto,
Pensando: " como é ruim essa vida! "
No quinto, vejo que acabou
Que o inferno vai chegar,
Será que você me entregou,
Pro diabo me abraçar?
Talvez o abraço desse amigo,
Pudesse me acalmar
No sexto dia, onde o perigo,
Só iria se elevar...
E no sétimo eu pensaria,
Prestes a me matar,
" pelo amor de Deus, Maria,
Quando você irá voltar? "
Mas eu só me mataria,
Se meu espírito pudesse te perseguir,
E assim eu estaria,
Com você, mas sem sentir
Teu corpo me esquentar,
Eu não consigo aceitar,
Que a morte um dia vai chegar
E que a gente não pode transar...
IV - antipatia física
Eu só posso ser mutante,
Pois vivo sem respirar,
Meu erro é me entregar
A cada instante...
A maldita antipatia,
Que meu corpo não tem,
A maldita poesia,
Parece até que estou sem
meu pênis e ele está com você, preservado,
Num pote, o coitado, lacrado,
Assistindo você se despir,
Você o encara, tenta seduzir...
E o agarra, cheia de prazer,
Sabendo que agora ele é teu por inteiro,
Pensei em dar de aniversário, só pra você me ter...
E óbvio que esse pedaço tinha que ser o primeiro...
Como tenho antipatia do meu próprio ser,
Não tenho problema com me mutilar,
É melhor do que uma foto enviar,
Visto que a foto não lhe deu prazer...
V - casamento
Depois de muito tempo, consigo te encontrar,
Você devolve o pinto pra mim,
Que você guardou com carinho, até o fim...
A gente decide, finalmente, se casar,
Eu pego meu pênis e enfio na tua vagina,
Não era a primeira vez que você o sentia,
Mas comigo junto foi, que alegria!
Deixei de ser homem pra te fazer menina!
E cantei toda a noite, pra você dormir,
Encantado em ver você sorrindo,
Te ver sorrir me faz sorrir,
Você sabe o que estou sentido?
Que agora em diante,
Vai ser só felicidade,
Chega de ser amante,
Chega de sentir saudade!
VI - retrato
Vês quão abstrato,
És meu sentimento?
Ele é o retrato
Do meu comportamento.
Um pau fotografado,
Uma vagina dentata,
Um amor desesperado,
A poesia barata...
Insisto em você olhar,
Para aquilo que posso retratar,
Mas não posso, no momento, oferecer...
O retrato do calor,
O retrato do sabor
Do querer.
VII - sentido perdido da vida
O perdido sentido da vida insana,
O sentir da primavera entre os dentes,
O desejo ardente do calor da tua xana
E do teu corpo ardente.
O sentido de ser que corrompe o estar,
Não rotule a nossa relação,
Ou vai estar entregando meu coração,
Para a morte o levar...
Não vou me matar, não vou me capar,
Não vou te estuprar, nem mesmo ferir,
Mas você pode fazer o que desejar...
O sentido da vida é te abraçar..
Minha casa não é lar. Preciso sair,
o sentido da vida é te encontrar...
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